Desde o que são, ao tempo que demoram a degradar-se, às suas consequências no mar, respondemos às seis perguntas mais comuns sobre os plásticos.


Nos últimos anos, as campanhas publicitárias que visam a reciclagem e a reutilização do plástico passaram a fazer parte das nossas vidas. Com tantas mensagens e acções de sensibilização, pode pensar-se que o plástico já não é um problema ou que o problema está a tornar-se cada vez menor.

No entanto, sabia que, até à data, menos de 10% dos resíduos de plástico produzidos são reciclados todos os anos? E, no entanto, é um dos materiais com maior potencial de reciclagem actualmente.

Esta grande campanha de sensibilização acompanha-nos há anos. Ainda se lembra dos famosos 3R – Reduzir, Reutilizar, Reciclar? De facto, foi na Cimeira do G8, em 2004, que esta iniciativa foi apresentada pela primeira vez como uma sugestão para o consumo racional dos resíduos domésticos.

Apenas um ano depois, em 2005, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) proclamou o dia 17 de Maio como o Dia Mundial da Reciclagem, com o objectivo de sensibilizar e promover a reciclagem de todos os tipos de resíduos, especialmente os plásticos. Actualmente, quase 20 anos depois, o plástico continua a ser um dos resíduos mais problemáticos devido à sua elevada capacidade poluente e ao seu longo tempo de degradação e decomposição.


O QUE É O PLÁSTICO?

Os plásticos são materiais constituídos por polímeros, ou seja, longas cadeias de moléculas repetitivas, geralmente derivadas do petróleo e de outros hidrocarbonetos. Estas substâncias caracterizam-se pela sua grande capacidade de serem moldadas e adaptadas a várias formas através de processos que incluem o aquecimento e o aumento da pressão.

Além disso, os plásticos podem apresentar diferentes propriedades físicas e químicas, consoante o seu tipo, o que os torna extremamente úteis numa vasta gama de aplicações, desde embalagens e produtos de consumo quotidiano a componentes industriais e médicos. De facto, é a sua versatilidade, durabilidade e baixo custo de produção que os tornou omnipresentes na vida moderna.


QUE TIPOS DE CONTAMINANTES CONTÊM OS PLÁSTICOS?

Os plásticos contêm vários tipos de aditivos na sua composição que podem afectar negativamente o ambiente e a saúde humana. Estes incluem químicos como os ftalatos, que são utilizados para melhorar a flexibilidade e a durabilidade do plástico; ou o bisfenol A (BPA), que é utilizado no fabrico de plásticos duros e resinas epóxi. Para além disso, os grandes plásticos podem conter microplásticos, que são pequenas partículas de plástico resultantes da degradação de produtos maiores.

Por outro lado, os plásticos também têm a capacidade de absorver poluentes do ambiente, como metais pesados (por exemplo, chumbo e mercúrio), bem como compostos orgânicos persistentes, como pesticidas e bifenilos policlorados (PCB), que aderem à superfície do plástico, fazendo parte do composto.


COMO É QUE SE DEGRADAM E QUANTO TEMPO DEMORAM?

A degradação dos plásticos ocorre através de processos físicos, químicos e biológicos, mas é extremamente lenta e varia consoante o tipo de plástico e as condições ambientais. Os plásticos mais comuns, como o polietileno ou o polipropileno, podem demorar entre 500 e 1.000 anos a degradarem-se totalmente em aterros ou em ambientes naturais, devido à sua resistência composicional.

No entanto, factores como a exposição à luz solar (fotodegradação), ao oxigénio (oxidação) e à acção de diferentes tipos de microrganismos (biodegradação) influenciam directamente o processo e podem acelerá-lo, embora na maioria dos casos apenas fragmentem o plástico em partículas mais pequenas, sem o eliminar completamente. Alguns plásticos mais recentes, como os bioplásticos, foram concebidos para se degradarem muito mais rapidamente em determinadas condições de compostagem industrial, mas representam ainda uma fracção muito pequena do total de plásticos produzidos.


QUAL É A RELAÇÃO ENTRE O PLÁSTICO E O CARBONO?

O plástico e o carbono andam sempre de mãos dadas. A partir da sua composição, que se baseia principalmente em polímeros de carbono derivados de hidrocarbonetos como o petróleo ou o gás natural, os plásticos estão em grande parte ligados ao carbono. Durante a produção de plásticos, estes hidrocarbonetos são refinados e transformados em monómeros que se polimerizam para formar longas cadeias de polímeros. Este processo não só envolve a utilização extensiva de recursos fósseis, como também gera emissões significativas de dióxido de carbono e outros gases com efeito de estufa.

Por outro lado, a incineração dos plásticos no final da sua vida útil liberta ainda mais CO2 e poluentes tóxicos para a atmosfera, agravando as alterações climáticas e a poluição atmosférica. Por outras palavras, o ciclo de vida do plástico, no seu conjunto, tem um impacto ambiental considerável em termos de emissões de carbono e de poluição.


QUAL É O IMPACTO DO PLÁSTICO NO MAR?

O plástico na água é multifacetado. Os plásticos, especialmente os microplásticos, poluem os oceanos, os rios e os lagos, afectando a qualidade da água e a saúde dos ecossistemas aquáticos. Estes pequenos fragmentos podem ser ingeridos por organismos marinhos, desde o plâncton até aos grandes mamíferos, acumulando-se assim na cadeia alimentar e causando efeitos tóxicos e físicos nos animais.

Além disso, a absorção e a libertação de substâncias químicas nocivas, como metais pesados ou compostos orgânicos resistentes que se acumulam na sua superfície, tornaram-se um problema grave, uma vez que se espalham pela água e são subsequentemente incorporados nos tecidos dos organismos aquáticos. Além disso, a presença de plásticos pode também obstruir os cursos de água, afectar a navegação e danificar os habitats naturais.


QUE PERCENTAGEM DE PLÁSTICO EXISTE NO MAR?

Estima-se que existam actualmente mais de 150 milhões de toneladas de plástico nos oceanos, com mais oito milhões de toneladas adicionadas todos os anos. Embora não exista uma percentagem exacta e uniforme de plástico no mar devido à constante adição de novos detritos e à variabilidade na degradação e distribuição do plástico, os estudos indicam que os plásticos constituem uma grande proporção destes detritos.

Por exemplo, estima-se que nalgumas zonas do oceano, como a Grande Mancha de Lixo do Pacífico, o plástico pode representar até 90% de todo o lixo flutuante. Esta elevada concentração de plásticos realça a magnitude do problema da poluição e a necessidade urgente de acção e sensibilização do público para reduzir a sua entrada e acumulação, não só nos ecossistemas marinhos, mas em todas as fontes de biodiversidade do planeta Terra.

Noticia completa, disponível em: https://www.nationalgeographic.pt/meio-ambiente/plastico-6-curiosidades_5031